Teve início no dia 8 de junho o período do vazio sanitário da soja em Mato Grosso, que segue até 6 de setembro. Em Lucas do Rio Verde, o Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea-MT) está com as equipes mobilizadas para garantir que nenhuma planta viva de soja permaneça no campo, o que é fundamental para o controle da ferrugem asiática, principal doença da cultura.
Segundo o engenheiro agrônomo Leandro Oltramari, do Indea local, o trabalho de fiscalização é realizado de forma estratégica. Antes de ir a campo, são captadas imagens de satélite para identificação de áreas suspeitas com presença de plantas vivas. A partir disso, os fiscais traçam rotas e realizam vistorias presenciais. “Graças à conscientização dos produtores e ao trabalho técnico que desenvolvemos, não encontramos, até o momento, nenhum foco ou irregularidade”, afirmou Oltramari.
A ferrugem asiática, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, pode gerar perdas de até 100% da lavoura se não for controlada. Ela sobrevive apenas em plantas vivas de soja, o que torna o vazio sanitário essencial para a quebra do ciclo da doença. “Sem área foliar, não há fotossíntese, e sem fotossíntese, não há produção. É uma doença extremamente agressiva”, alerta o engenheiro.
Durante o vazio, qualquer produtor que mantiver plantas vivas de soja estará sujeito a multa de 30 UPFs (Unidades Padrão Fiscal) mais 2 UPFs por hectare. Considerando o valor atual da UPF em cerca de R$ 250, uma infração pode resultar em penalidade superior a R$ 50 mil, dependendo da área.
Além da ferrugem, o vazio sanitário também contribui para a redução de outras pragas e doenças que afetam a cultura. “O produtor que respeita o vazio sai ganhando em produtividade e economia”, ressalta Oltramari.
O calendário de semeadura da soja no estado tem início em 7 de setembro e vai até 7 de janeiro. Plantios realizados fora dessa janela também são íveis de multa. Em Lucas do Rio Verde, apesar da grande capacidade operacional dos produtores — alguns conseguem semear até 2 mil hectares em um único dia —, a recomendação é respeitar o planejamento da colheita para evitar sobrecarga no período chuvoso.
“Produtores que contam com irrigação já estão se preparando para iniciar o plantio assim que a janela abrir, mas tudo dentro do calendário legal. O uso de tecnologias como georreferenciamento e imagens de satélite nos dá condições de monitorar, em tempo real, o cumprimento das normas”, destaca o agrônomo.
O Indea reforça que está ao lado do produtor rural na luta contra a ferrugem asiática, oferecendo e técnico e atuando na fiscalização preventiva. A mensagem é clara: soja viva fora do prazo representa risco para toda a cadeia produtiva, e o cumprimento das regras é responsabilidade de todos.